domingo, 8 de maio de 2011

Música de Cazuza para ilustrar o "estilo lírico" segundo Staiger


PARA DESCONTRAIR E ILUSTRAR AS IDEIAS DE STAIGER* SOBRE O 'ESTILO LÍRICO', SEGUEM LETRA E CLIP DE "MAIS FELIZ", CO-AUTORIA DE CAZUZA. 

*Conceitos Fundamentais da Poética de Emil Staiger. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977 (Trad. Celeste Aída Galeão)



Mais Feliz 




O nosso amor não vai parar de rolar
De fugir e seguir como um rio
Como uma pedra que divide um rio
Me diga coisas bonitas






O nosso amor não vai olhar para trás
Desencantar, nem ser tema de livro
A vida inteira eu quis um verso simples
P'ra transformar o que eu digo








Rimas fáceis, calafrios
Fure o dedo, faz um pacto comigo
Num segundo teu no meu
Por um segundo mais feliz
                                    
         





                 Composição: Dé/Bebel/Gilberto/Cazuza                                  





2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Por: AURÉLIO C. RODRIGUES

    Há uma coisa na canção que talvez valha a pena comentar. Geralmete buscamos confirmacões de hipóteses e tentamos comentar a criação poemática pela metrificação e silabação poética. Vou tentar apontar um dado que se configura pelo campo da sonoridade ou da vocalidade proposta na canção: Vejamos que o primero verso da primeira estrofe termina com um som mais agudo em relação aos dos versos que completa a estrofe. Sabemos que os sons mais agudos são entendidos, por muitos ouvintes, como mais altos, enquanto os sons mais graves são entendidos como mais baixos. Assim, temos uma sensação sonora de parábola descendente, que juntada com a próxima estrofe, em que acontece o mesmo movimento, teremos uma sensação de ondulação sonora. Ora essa, quem não tem a impressão de ondulação quando vê água em movimento?
    A terceira e última estrofe é feita ao contrário, são três estrofes que terminam em sons graves e uma final com som agudo. O que mostra um tempo de descida, entre a segunda e a terceira estrofe, bem maior. Já desceu uma corredeira? O melhor momento é quando você pega uma boa descida e na próxima ondulação, acaba por sair da água como se voasse, estivesse um pouco no céu, local do amor divino que saberemos exatamente como é só depois de morrer. Por enquanto temos que tentar alcançar o máximo das sensações do amor humano, ou que os lembre. Mas voltemos para o som. Todo cantor, lírico ou não, adora executar bem uma aguda, mostra a capacidade de seu aparelho vocal e sua halibidade técnica, além de geralmente impressionar o público. Por que não terminar com um som assim? Já que ele também está nos nossos momentos de mais emoção: choro, grito de surpresa... em momentos “mais feliz” que queremos prolongar.

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